sexta-feira, 5 de junho de 2015

Entrevista - Thiago Miazzo



Quando seu interesse em musica experimental surgiu? Conte-nos como foi sua primeira audição nessa linha de som?

Minha relação com a música começou muito antes do meu envolvimento com a música experimental propriamente dita. Formei a minha primeira banda bem novinho, aos 12 anos de idade, junto com alguns colegas de escola que também curtiam hardcore punk. Como a grande maioria das bandas daquela época, ensaiávamos em nossos quartos e garagens, gravando os ensaios e algumas demos em cassette com um boombox de microfone embutido. Quem já fez uso desse recurso sabe que uma série de fatores influenciam na captação: posicionamento, distância, enfim. Hoje enxergo esse processo como o início do meu trabalho com a música exploratória. Do punk sueco e finlandês para o grindcore old school e o noisecore foi um pulo, mas foi somente depois de alguns anos que eu tive contato com o noise e o industrial propriamente dito. Lembra do Cgcore (Carnificina Grindcore)? haha, pois bem. Foi através desse webzine que eu tive contato com o Napalmed, o primeiro projeto de noise que eu lembro de ouvir com atenção. O cd-r “Komblex”, de 2001. Foi então que eu passei a garimpar esse tipo de som e acabei tropeçando na inesquivável cena japanoise. Assim como foi com o punk no início da minha adolescência, o noise veio e entortou a minha vida fodidamente.


Seu primeiro lançamento em 2005, usava que tipo de rótulo para o seu trabalho? Já tinha alguma influência para o noise, tinha quais expectativas com a música?


Cara, é uma obra bem selvagem, feita com a pior das intenções. De verdade, eu acabei depositando um sentimento muito ruim nesse trabalho, fiz de tudo para que ele soasse o mais incômodo possível.
Minha principal influência – além da cena japanoise – foi a cena br: Gengivas Negras, Mortuário, Skinhead Tranny, Anal Mayonnaise e muitos projetos ligados à n0-age, selo do amigo Gustavo Bode, responsável pelo lançamento dos meus dois primeiros trabalhos.

Quanto as expectativas, acho que elas não mudaram muito nos últimos dez anos: gravar o máximo de material que eu conseguir e trabalhar com gente que eu tenha afinidade, entrosamento e que respeite meu rítmo e manias.

Com o projeto 'Pallidum' foram quatro materiais lançados, como foi a repercussão dos álbuns, porque o término do projeto?

O Pallidum tem sua trajetória dividida em duas etapas: a fase 'Le Dahmer' - dividida em dois volumes e compartilhada apenas  com os amigos próximos – e a fase 'Psychoómpós / Phantom Smells', quando eu sai da caverna e mandei as demos para alguns blogs especializados em música extrema  e experimental. A repercussão desses dois últimos álbuns foi até melhor do que eu esperava. Honestamente, acho o 'Phantom Smells' um bom álbum, dentro de sua proposta e limitações. Ainda como Pallidum, eu gravei o inacabado 'Code Noir', mais influenciado pelo power electronics fundamentalista. Enfim, a ausência de um conceito sólido e de uma linha de som foi o que levou ao fim do Pallidum.


Após alguns rascunhos e esboços com Cadu Tenório (Victim!, Sobre a Maquina), surgiu o ‘GRUTA’ e uma parceria para iniciar o selo 'TOC', Além do GRUTA Você possui outros trabalhos em parceria, solos eu sei que possui vários haha, nós fala a respeito desses trabalhos?


O Cadu é um cara que eu tive o prazer de ver se desenvolver como músico, sem falar que é um dos meus melhores amigos. Temos gênios bem fortes e o resultado disso é uma competitividade sadia que nos acompanha dentro do Gruta e demais projetos colaborativos. Apesar de termos partido de um mesmo ponto, hoje temos linhas de trabalho bem opostas, mas complementares por assim dizer.

Quanto aos trabalhos solo...cara, eu já perdi as contas de quantos materiais eu lancei na vida. Comecei a organizar e guardar meus materiais a partir de 2011, e apesar das boas intenções muita coisa se perdeu desde então. Enfim, foram muitos cd-r e tapes doados ou trocados, sem falar nas inúmeras formatações. Já troquei um cd-r por um sanduiche e isso fala muito mais a meu respeito do que poderia faze-lo em uma entrevista.

Existe uma dificuldade bem explicita para manter selos físicos de noise ou qualquer outro tipo de musica não convencional ativo aqui no Bra$il, como está a situação atual do selo 'TOC', continua ativa, algum lançamento previsto?

A TOC continua ativa, sim. Mas como você disse, existe uma dificuldade muito grande em conduzir um selo. Vide o preço das tapes. É claro que existem ressalvas e volta e meia a gente encontra aquela loja caindo aos pedaços com algumas tapes a preço justo, mas quase sempre em poucas unidades. Por conta disso, acabamos nos rendendo aos lançamentos em cd-r. É claro que nem todos os trabalhos se enquadram no formato cd-r. O meu 'La Casa Cannibale', por exemplo, não faria sentido algum em um formato além do cassette. Vai contra a própria estética do som.

Quanto aos lançamentos previstos, temos alguns trabalhos para soltar ainda esse ano: Batavo (Abesta), Insignificanto (projeto da amiga Sanannda Acácia), J-p Caron e Aquiles Guimarães. Aos trancos e barrancos, a TOC ainda tem muito o que oferecer aos ouvintes de música experimental.

Fale um pouco da sua colaboração com o blog ‘Máteria’, suas resenhas são ótimas, ás informações para cada material lá publicado, são a pedido dos artistas ou a busca é feita por conta própria?

Aaah cara...Eu adoro o Matéria. Nunca ganhei um puto com o blog – tampouco fiz jabá – mas é como uma válvula de escape pra mim. Não só um espaço voltado para a crítica musical, mas também para a auto-análise. Muitas vezes a crítica musical fica em segundo plano. Tento ser sincero, né? É o meu jeito de escrever. Por conta disso, nem rola acatar a pedidos de artistas. Volta e meia alguém entra em contato pedindo uma resenha, mas não tem jeito: se não se enquadra dentro do meu universo musical, não há conexão e tampouco resenha. Enfim, a busca é feita por minha conta e fico feliz em saber que você gosta dos meus textos.


Acaba de lançar o 'Volume 1' pela Seminal Record, selo virtual no qual você faz parte do coletivo (?), o material é aleatório e prossegue na linha do minimal noise / HNW, o resultado ficou fantástico, vejo você bem diversificado com a musica ruído, costuma sempre trabalhar novos horizontes e testar algo novo?


Primeiramente, não faço parte da Seminal Records. O selo é composto por J-p Caron, Henrique Iwao e amigos. Apresentei o Volume 1 para o Caron em primeira mão, que logo se interessou em lançar.

Trabalho com múltiplos conceitos e inspirações. Isso explica o tanto de projetos paralelos que eu tenho. Levo bem a sério o conceito e o direcionamento de cada trabalho, de modo que uma música do Fluid Druid jamais caberia em um álbum do Alfa Lima International, uma letra do Boxers não caberia em uma faixa do Gruta e nenhuma música do Volume 1 caberia em nenhum dos projetos citados. Estou sempre buscando novas referências, mas respeitando os limites de cada projeto e seus respectivos conceitos.

Planos, possui algo previsto para o futuro, albuns, cd's, tapes, performances, têm algo engatilhado na espera do momento certo para ser lançado?

Tenho vários. Nos próximos meses, um selo britânico lançará o 'Mito' (segundo álbum do Gruta) em cassette, além do nosso terceiro álbum, provavelmente em cassette duplo. Estou trabalhando também no 'RHM [Archive Works]', uma série inspirada no catálogo da Rasmey Hang Meas (que compila música tradicional e pop do Cambodia) com toques de field recordings e manipulação de cassette. Voltei com tudo pras mixtapes e disponibilizei a curtinha KILL YOURSELF TONIGHT. Sem falar no Thiago Miazzo 'Volume 3', que deve sair ainda no primeiro semestre. Tenho algumas performances em vista, mas não posso adiantar muita coisa. Enfim, eu estou sempre trabalhando.


Durante o podcast “O Resto É Ruído” você chega a falar um pouco do ‘noise e a anti-musica’, fale um pouco (com suas próprias palavras) o significado e sua opinião sobre alguns artistas de ruídos usarem esse termo ‘anti-musica’? Acha que são meros expectadores da arte noise e são ignorantes com a musica propriamente dita?


Eu tenho algumas ressalvas quanto ao termo anti-música por um motivo muito simples: não vejo nada mais musical do que o noise. O noise parte de um desafio, mas não se limita ao músico, pois chega ao ouvinte de uma forma igualmente desafiadora. É antissocial se levarmos em conta a atençao demandada, mas não é anti-musical (pensando no aspecto do som).
Vou usar como exemplo uma das minhas bandas de noisecore favoritas, o Seven Minutes of Nausea: eu acho de uma sensibilidade artística fudida o modo como eles intercalam as faixas. Aquilo não é qualquer coisa. Algo que sempre me chamou muito a atenção no noisecore são os cortes entre as faixas, o ~vazio~ por assim dizer. E poucos recursos são tão difíceis de se fazer uso quanto o silêncio. A minha crítica ao termo anti-música vem daí. É claro que, dentro do âmbito político e da música como mercadoria, a expressão 'anti-música' se faz valer, mas acho importante problematizar o termo.

Obrigado por contribuir com essa bosta, o espaço é seu, sinta-se livre para qualquer merda..

Obrigado a você, Jhones, pelo espaço e pelo interesse em me entrevistar. Sei que não é fácil conduzir um trabalho dedicado exclusivamente à música experimental, seja o trabalho um selo ou um blog. Enfim, até que a gente se saiu bem, né? Um abraço!

Responda rápido!


Noise Rítmico ou JunkiePlugs? %%% %%%% %%%% %%%

Analógicos ou Digital? Analógico
Materiais físicos ou Netlabel? Materiais físicos.
Sertanejo clássico ou Sertanejo universitário?GALOPEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEIRAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
Split ou Álbuns Solos? Gosto de split, mas um álbum solo tem um conceito mais sólido. Fico com a segunda opção.
Policia ou Ladrão? Nem.

Questionário - Author & Punisher


Quando surgiu seu interesse na área de música, e como foi seu primeiro contato com a música ruído?

Eu sempre tocava música desde que eu tinha seis anos, quando minha mãe me inscreveu para estudar piano. A minha primeira introdução à música pesada foi “Sepultura - Roots” álbum nós tempos de calouro na escola. Naquele mesmo ano, meus amigos e eu montamos uma banda juntos.

Não me lembro quando ouvi pela primeira vez música ruído, mas estou certo de que nem sequer percebi que era um gênero, foi em algum momento no final dos anos 90.

Qual sua opinião sobre os lançamentos de álbuns constantemente sem intervalos? Dificulta na divulgação ou ajuda o artista?

Acho que isso ajuda com certeza! É bom para desenvolver constantemente e manter o som ativo. Também a visibilidade dos lançamentos constantes é com certeza útil.

Você prefere lançar materiais físicos ou virtuais, ou indiferente para escolher?

Ambos! Alguns amigos nunca comprar físico, alguns sempre compram. Eu preciso de ambos para sobreviver financeiramente .

Tocar ao vivo, como funciona? há um processo de escolha ou escolher o foda-se e deixe ás frequências funcionarem? Há um teste e estudos antes de qualquer performance?

Absolutamente, eu preparar rigorosamente e ter um SET. Ao longo do performance eu aprender onde é mais eficaz para adicionar improvisação, drone e afeto. Eu não sou um tipo de músico “crescendo e para”, eu acredito que isso é chato e sem criatividade. Músicos de ruído são preguiçosos e precisa considerar como adicionar mais variação para os seus conjuntos, na minha opinião.

Suas influências, quais são? Qual artista o influência?

Música: Neurosis, Melvins, sunnO))), godflesh, aphex twin, drum and bass, dubstep.  Mais recentemente I ouvir Mt. Eerie, YOB, jk flesh, james Blake, SYK, entre muitos outros.
Filme: Kitano, Lars com Trier, Nicolas Winding Refn, Bergman, Suzuki, Melville. Eu amo filmes de gângster de todas as nacionalidades.

Como é a atual cena local? O que você acha de novos artistas que aparecem ultimamente?

Minha cena em São Diego é bem estranha e variada. Eu acho que as pessoas vão a São Diego para paz de espírito, relaxamento e foco, então lá não há muitas festas noturnas (que duram a noite toda). Nós temos uma cena voltada a pequenos bares com shows "íntimos", onde podemos praticar uns de fronte os outros.

Não tenho vistos muitos que eu tenha gostado recentemente, mas não sou um pessimista que acha que os bons tempos se foram... Essas pessoas são um bando de cínicos velhos que precisam sair mais e ver mais shows.

Um álbum que as pessoas deveriam ouvir antes de o mundo acabar?

Neurosis - Through Silver in Blood
Melvins - Lysol

Obrigado por tomar o tempo para este questionário, sinta-se livre para deixar sua mensagem.

Obrigado!

God Pussy - REPÚDIO



01 - Estúpido
02 - Inescrupuloso
03 - Grosseiro
04 - Mal Educado

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Elizabeth Veldon and Kylie Minoise - Sing The Pop Songs You Know and Love



01 - Elizabeth Veldon - Rainy Days And Killing Sprees
02 - Elizabeth Veldon - I Lost My Heart To A Starship Butcher
03 - Elizabeth Veldon - It Feels Like I'm In Gore
04 - Kylie Minoise - It Feels Like I'm In Gore 1
05 - Kylie Minoise - It Feels Like I'm In Gore 2
06 - Kylie Minoise - It Feels Like I'm In Gore 3
07 - Kylie Minoise - It Feels Like I'm In Gore 4
08 - Kylie Minoise - It Feels Like I'm In Gore 5
09 - Kylie Minoise - It Feels Like I'm In Gore 6
10 - Kylie Minoise - It Feels Like I'm In Gore 7
11 - Kylie Minoise - It Feels Like I'm In Gore 8
12 - Kylie Minoise - It Feels Like I'm In Gore 9
13 - Kylie Minoise - Rainy Days And Killing Sprees
14 - Kylie Minoise - I Lost My Heart To A Starship Butcher
15 - Elizabeth Veldon - Start Up The Transformation Machine (Megamix)

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Cama Desfeita - FORA



01 - Corpo no Espaço
02 - O Cadáver Ri
03 - Profecias da Primeira Cidade
04 - Lar Transitório
05 - Ver-se
06 - Subterrânea
07 - Desejo do Objeto
08 - Cartografia Onírica
09 - Por Volta da Quinta Hora
10 - Trinta Planetas no Nó da Madeira
11 - Quatro Chaves Para Três Portas

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Jorge Antunes - Música Eletrônica



01 - Historia De Un Pueblo (Brlxx3)
02 - Cinta Cita
03 - Auto-Retrato Sobre Paisaje Porteño
04 - Valsa Sideral
05 - Contrapunctus Contra Contrapunctus

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Nihil Fist - Resistance Is Fertile



01 - Untitled
02 - Untitled
03 - Untitled
04 - Untitled
05 - Untitled

Digital Album

Masonna - Shock Rock



01 - Untitled
02 - Untitled
03 - Untitled
04 - Untitled
05 - Untitled
06 - Untitled
07 - Untitled
08 - Untitled
09 - Untitled
10 - Untitled
11 - Untitled
12 - Untitled
13 - Untitled
14 - Untitled
15 - Untitled
16 - Untitled
17 - Untitled
18 - Untitled
19 - Untitled
20 - Untitled
21 - Untitled
22 - Untitled
23 - Untitled
24 - Untitled
25 - Untitled
26 - Untitled
27 - Untitled
28 - Untitled
29 - Untitled
30 - Untitled
31 - Untitled

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Andreas Brandal - Minus Plus



01 - Minus One
02 - Minus Two
03 - Minus Three
04 - Minus Four
05 - Plus One
06 - Plus Two
07 - Plus Three

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V.A Operation Test



01 - Luciano Zanatta - Guitambura
02 - Al Sand & Abneg - Hadestr0n1c
03 - Augusto Piccinini - A Motif From Hammamet
04 - Al Sand - Arquivo Em Pane
05 - Leth - Infieno Secondaire
06 - Chinfrapala - Satícarus
07 - Arte Disfuncional - Ausencia
08 - Antoine Trauma - URSS (Andrei Chikatilo Mix)
09 - Jóbson Phelps - Abduzido E Submetido A Experiências Fotocopiadas Por Leitores De Cassete
10 - Deicida 69 - Go To Côte
11 - Henrique Iwao - Defeito Constantina
12 - OS 125 - Cymbals Are The Flying Saucer Daughters
13 - Post Noise - Person With Disabilities's Rhythm Of A Super-Malevolent Deyt
14 - Marcelo Scanzani - Disritmia Tremolo Noise
15 - Rodrigo Ardais & Plank Ribas - 1990
16 - Suzana's Bauten - 8 Minutos A Mais
17 - Tiago Malta - Guzz Session (Jackson 5 Remix)
18 - Cine Victória - I Care A Lot, Eu Carpo Um Lote
19 - Kowala E A Resposta Inflamatória Do Organismo - African Civil War
20 - 4zero4 - 404
21 - Gelatina Futurista - Operation Test
22 - rA - Segundo Minha Paixão

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